Muitos são os que, por profissão ou altruísmo, ao longo dos tempos, dedicaram-se a estudar códigos visando decifrar a comunicação entre quem envia e quem recebe. Se hoje conseguimos entender um pouco da história da humanidade, devemos muito a esses homens e mulheres persistentes e inteligentes. Diferentemente de todas as outras descobertas, julgo a mais importante aquela estudada e decifrada em Paris, por Allan Kardec, em meados do século XIX, quando percebeu que algo inteligente existia fora desta dimensão e, portanto, invisível aos nossos olhos. Desnecessário seria dizer que o valor da descoberta foi tão grande quanto foi a reação das poderosas forças contrárias e céticas da época. E essa descoberta obedeceu à lei natural das coisas neste mundo de evolução e transformação onde nada é estático, nem mesmo o rochedo. Nada mais natural, portanto, que a comunicação entre os vivos e os "mortos" se iniciasse de maneira muito primitiva e rudimentar como foram as primeiras comunicações entre os dois planos. Com o passar do tempo, porém, elas foram se aperfeiçoando e se disseminando por meio da psicografia e outras formas que, hoje, são aceitas com naturalidade não só pelos espíritas, mas também por alguns homens de ciência com visão menos materialista.
Como seria lógico, chegaria o dia em que surgiriam novas formas mais evoluídas da comunicação acontecer entre esses dois mundos. E, ao que parece, elas já estão acontecendo, ainda muito incipientemente, através da Transcomunicação Instrumental - TCI (comunicação através de equipamentos eletrônicos). Como toda modernidade que se preze, ela chegou causando polêmica, agora não dentro da sociedade, mas dentro do próprio movimento espírita, onde alguns mais conservadores e de forma radical não só a rejeitam como têm uma enorme dificuldade de, sequer, aceitá-la como uma possibilidade. Com o desenvolvimento de todos os equipamentos eletrônicos descobertos e aperfeiçoados pelo homem, nada mais lógico do que aceitar a ideia de que, um dia, essa parafernália toda pudesse ser usada para facilitar o intercâmbio entre o visível e o invisível.
De uma coisa, porém, não podemos fugir: da realidade. Ela é como o tempo, atropela. Para quem a encara com naturalidade, melhor, pois terá menos dificuldade de conviver com ela lado a lado. De resto, o grande questionamento a propósito dessa nova forma de comunicação é saber se a presença do médium será ou não necessária para que ela aconteça. Este questionamento, sim, é o grande ponto de interrogação. Afora isso, nenhuma dúvida. Aliás, só uma grande certeza, a de que possa estar se abrindo através da TCI, para o desespero dos incrédulos, um novo canal de intercâmbio entre o lado de cá e o lado de lá. Para o homem, com exceção do ato de não morrer, nada é impossível, bem aos moldes do que disse o grande William Shakespeare: "Não creias impossível o que apenas improvável pareça."